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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

..::O ASSUNTO É EUDGERT::..


..::O ASSUNTO É EUDGERT::..


   GERT WALLERSTEIN, PY7ALC, faleceu em 28 de outubro de 2012, em Recife-PE, aos 80 anos de idade.

   Nosso amigo Gert Wallerstein, PY7ALC foi, sem a menor sombra de dúvidas, um dos mais brilhantes Radioamadores brasileiros. Nascido na Alemanha durante o regime nazista, sua família, que era judia, foi obrigada a sair daquele país no ano de 1936.

   Brilhante técnico em eletrônica, radicou-se em São Paulo, onde trabalhou em diversas rádios na manutenção de transmissores, mas nunca pode tirar sua licença de Radioamador devido a uma irônica condição: como ainda não era naturalizado, impedido apenas por sua menoridade civil, não contava também com a cidadania alemã, pois embora fosse natural daquele país, estava impedido da condição de cidadania, devido ao fato de ser judeu, e dessa forma, não poderia ser Radioamador.

   Enquanto aguardava a possibilidade de sua naturalização, Gert dedicou-se aos estudos de eletrônica, desenvolvendo interessantes projetos. Com apenas 13 anos de idade foi o autor de um interessante projeto de transmissor de AM de 15 Watts para as faixas de 40 ou 80 metros com uma válvula 6L6 modulando outra 6L6, que se tornou conhecido ao ser divulgado em 1949 na “lição prática nº 27” do “curso prático de radiotécnica” do famoso Instituto Monitor, e dessa forma esse transmissor acabou se tornando o equipamento caseiro mais difundido entre os Radioamadores novatos nas décadas de 1950 e 1960:


   Em 1954, quando Gert finalmente conseguiu a cidadania brasileira, montou um transmissor para a faixa de 80 metros, pois seu maior sonho era poder operar naquela banda, mas teve aí sua primeira desilusão: devido ao ciclo solar da época, a propagação para aquela faixa estava completamente fechada, e por este mesmo motivo, absolutamente abandonada.

   No ano de 1965, já em Recife-PE, fundou com outros empresários a Eudgert, para se dedicarem à produção de equipamentos de radiocomunicação. Lamentavelmente a Eudgert encerrou suas suas atividades em 1975, pois os demais sócios de Gert Wallerstein, que não eram Radioamadores, não tiveram mais interesse na continuidade das atividades.

   Um fato curioso que poucos conhecem: a Yaesu tentou comprar a Eudgert no início da década de 1970, com a intenção de transferir a produção de seus equipamentos para o Brasil, mas a burocracia brasileira impediu a realização dessa fusão.


Transceptor Eudgert Linha Ouro

Sendo uma pessoa responsável, Gert nunca se conformou com o fato dos integrados Plessey apresentarem aquele problema crônico de corrosão com o passar dos anos, e mesmo após ter se afastado de sua indústria, gastou uma pequena fortuna comprando todos os integrados que encontrou a venda na Europa, para poder repor, gratuitamente, aos seus antigos compradores do Eudgert Diamante. Prestativo, para enviar essa encomenda ele acondicionava um kit completo de integrados numa embalagem plástica de saboneteira dentro de uma caixa de papelão, para evitar que qualquer manuseio descuidado pudesse danificar aqueles raros componentes. Eu tive a honra de receber dele – gratuitamente, diga-se de passagem – a última dessas “saboneteiras” com uma série completa com os últimos integradinhos que ele conseguiu comprar – a alto preço. Ele também me confirmou ter sido humilhado por alguns colegas a quem socorreu, tendo virado motivo de chacota por ter escolhido aquela embalagem “simplória”. O problema é que naquela época ele não conseguiu opção melhor para essa finalidade, mas quem a recebeu pode confirmar que ela era perfeita, tanto é que a guardo como uma das minhas mais importantes “relíquias” da minha coleção!

Apesar de ter uma vida marcada por tragédias (ter nascido Judeu na Alemanha nazista, ter perdido a mãe no parto, se ver obrigado a abandonar o país natal devido ao antissemitismo, viver anos sem ter direito a nenhuma cidadania, passar anos esperando por uma oportunidade de poder operar nas faixas de Radioamador, ter sido trapaceado descaradamente pelos sócios pilantras), Gert Wallerstein sempre foi uma pessoa serena, prestativa, brilhante, transmitindo uma paz de espírito sem igual com quem conversava. Quem o conheceu mais proximamente, acabou se tornando amigo íntimo. Os filhos também seguiram o mesmo estilo carismático do pai, sendo que o Ludwig, que herdou não só a simpatia e o carisma do Gert, mas também a inteligência, tem hoje uma bem sucedida rede de fotocopiadoras em Recife.

De todos os grandes pioneiros da indústria de equipamentos para Radioamadores, Gert Wallerstein foi um dos mais brilhantes, mas sem a menor sombra de dúvidas, o mais carismático de todos!
Afastado do Radioamadorismo (mas de vez em quando, ligava seu Yaesu FT-747 pra corujar o pessoal), e devido às decepções e traumas que teve com o fim de sua empresa, Gert nunca mais teve contato com os equipamentos que fabricou. Ele sequer tinha cópia dos esquemas de seus próprios rádios…

Nesses últimos três meses tentei ir até Recife para entrevista-lo, pois estava escrevendo um artigo sobre a Eudgert que será publicado na próxima revista CQ Radioamadorismo, mas infelizmente ele não pode me atender, pois estava com a saúde muito fragilizada, devido a um enfisema pulmonar. O último e-mail que recebi dele foi em 06 de outubro passado, onde recebi o seguinte relato:

“Caro Adinei:
Por estar semi-hospitalizado devido a  uma pneumonia, ficarei inibido temporariamente de responder com rapidez suas mensagens.
Até breve,
Gert Wallerstein”

Até breve meu amigo! Teus brilhantes ensinamentos e teu inigualável carisma jamais serão esquecidos pelos Radioamadores brasileiros!
73,
Adinei, PY2ADN

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NÃO PODEMOS FALAR NO EUDGERT SEM MENCIONAR O DELTA


Fabricantes brasileiros de equipamentos para radioamador

Delta

   O mais conhecido de todos os fabricantes de equipamentos nacionais para radioamadores, a Delta foi fundada em 1950 por Felicíssimo de Oliveira Junior, Fernando Oliveira e Gino Pereira dos Reis e era estabelecida em São Paulo. Naquele mesmo ano importaram monoblocos da Geloso italiana, passando a produzir o Delta 208, um receptor de AM. Em seguida lançaram o receptor Delta 209, com BFO.
Produzindo seus próprios monoblocos, lançou o receptor Delta 309. O primeiro transmissor de AM foi o Delta Geloso 210, cópia do Geloso 210, com a válvula 807 na saída. Em 1962 lançaram o Transmissor Delta 310. Pouco tempo depois introduziram algumas alterações nesse transmissor, rebatizado de Delta 310-1, e pouco tempo depois, o Delta 310-II. Também foi produzida uma unidade de potência chamada Delta 370 e um amplificador linear com 4 válvulas 811, o Delta 1000. No final da década de 1960 a Delta chegou a produzir um transmissor de SSB por rotação de fase, sem filtro mecânico (muito confundido com “DSB”) para as faixas de 40, 20 e 15 metros, o Delta 340. Caro e de difícil ajuste, o projeto não foi continuado, e poucas unidades desse modelo foram produzidas como protótipos, sendo que um deles está em minha coleção.
Pelo que pesquisei o Benito Vasquez, PY2BVF tem um e o Paulo Serafini, PY3BKT tem outro. Em 1970 lançou o Delta 100, um transmissor de AM para os 80 metros e o Delta 120, um transmissor de AM e CW para os 80 e 40 metros.


Delta DBR 500


   Em 1975 a Delta lançou o Delta DBR 500, um transceptor SSB multibanda com 400 watts de potência, usando duas válvulas 6KD6 na saída, com recepção já transistorizada. Logo depois vieram os modelos DBR500 II e em 1982 o DBR550, este já com display digital incorporado. Em 1985 lançou seu primeiro radio VHF, o Delta DBR525, um transceptor sintetizado para 2 metros com memórias, subtom e 25 watts de potência. No entanto, as condições do mercado como restrição para importação de componentes eletrônicos, altos encargos sociais e trabalhistas, tributação pesada, inflação, falta de materiais no mercado nacional, dolarização dos componentes, tudo isso aliado a concorrência desleal do contrabando, que colocava no mercado via “Paraguai” equipamentos mais sofisticados por um preço infinitamente menor, a Delta viu-se obrigada a encerrar suas atividades. Pelo que se sabe, poucos exemplares do Delta DBR-525 foram produzidos, não mais que seis, na condição de protótipos. Dois desses equipamentos estão em minha coleção, um deles lamentavelmente sucateado. A Delta encerrou suas atividades em 1987. 

Eudgert 

   Fundada em 1965 por Gert Wallerstein, PY7ALC, Eudes Teixeira de Carvalho e Joaquim Guerra a Eudgert era sediada em Recife-PE e produziu transceptores multibanda SSB para as faixas de radioamador, os amplificadores lineares Ciclone 2000 e Ciclone 2000 A e também radios cristalizados de sete canais para a faixa do cidadão. Foram fabricados os seguintes modelos de transceptores:


400 A 1 – a partir de 1965, formam produzidos aproximadamente 50 peças
400 A 2 – Ouro A – produzido de 1965 a 1966 , já no formado clássico
400 A 3 – Ouro B – (com válvulas de 6 volts) produzido de 1965 a 1966
400 A 4 – Ouro C - (com válvulas de 12 volts) produzido de 1967 a 1969
400 A 5 – Diamante - (com recepção transistorizada) de 1970 a 1975
A Eudgert encerrou suas Encerrou suas atividades em 1975.

Adinei
PY2ADN

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Eudgert 

    Quando eu precisava de um esquema, era muito difícil encontrar e quando encontrava os "colegas" queriam vender o mesmo o que na minha opinião£o, fere a divulgação da Radio Comunicação e resolvi criar este site para ajudar os Amigos a conseguirem o que precisam sem cobrar nada.
Quem possuir esquemas armazenados e quiserem compartilhar, favor nos enviar e serão inseridos os devidos créditos.
Abraçoos a todos
Salles


Eudgerd Ciclone 2000 Power Supply 


Eudgerd Ciclone 2000 Linear



Eudgerd OCT Remoto



Eudgerd Ouro C


Eudgerd Fonte FF-400AC Eudgert Fil 12V 6V



Eudgerd I 6 80 40m Ouro C



Eudgerd T5 SSB 400



Eudgerd mod SSB-B 400W PEP




Eudgerd VFO Remoto Valvulado 1 de 2



Eudgerd VFO Remoto Valvulado 2 de 2 




Eudgerd Fonte FF-400AC Eudgert Fil 6.3V






ALGUNS VIDEOS






Fontes:
http://www.cram.org.br/wordpress/?p=4427
http://pxjf.blogspot.com.br/2014/12/fabricantes-brasileiros-de-equipamentos_71.html
http://propagacaoaberta.com.br/eudgert/


terça-feira, 22 de novembro de 2016

..::O ASSUNTO É SDR::..

O ASSUNTO É SDR

Panadapter com RTL-SDR para 
IC-706 / MK / MKIIG com HDSDR e OmniRig



 Boas novas pessoal, neste post irei fazer um verdadeiro “upgrade”, sobre a questão de como utilizar o RTL-SDR como Panadapter do Icom IC-706/MKII/MKIIG.
Em um post anterior, expliquei como explorar os sinais da FI de 69 MHz do Icom IC-706, porém na ocasião utilizei o software SDR# fixado na frequência de 69.015 MHz, não tendo suporte total as funcionalidades que podemos obter com SDR e o IC-706. Porém neste post vou documentar os processos, utilizando uma forma mais interessante e vantajosa, tornando a experiência entre rádio convencional e SDR ainda mais atraente.
Quais vantagens poderemos obter com a tecnologia SDR ?
A tecnologia SDR (Rádio Definido por Software), está revolucionando constantemente a forma de utilizarmos rádio, pois através de um computador, softwares e equipamentos de baixo custo, poderemos obter os mesmos resultados dos melhores e mais avançados receptores disponíveis no mercado.
Através desta tecnologia, poderemos desfrutar de uma enorme gama de recursos como filtros para limitar ou anular interferências indesejadas, possibilidade de alargar ou estreitar a banda passante de recepção ao seu gosto, recepção all-mode (todos os modos), visualização da atividade no espectro em tempo real, dentre outras funções que vão surgindo e sendo disponibilizadas gratuitamente ao longo do tempo.
Pois está tecnologia está baseada no software, e todos sabemos, os softwares estão em constante desenvolvimento, tornando assim o SDR uma tecnologia forte e viável.
Esta é uma das principais vantagens do SDR sobre um receptor tradicional, sendo que em um receptor tradicional, ficaríamos limitados ao recursos impostos pelo fabricante vitaliciamente.
Construindo o panadapter com Icom IC-706 (Hardware)
O processo de extração do sinal da terceira FI do IC-706 é extremamente simples, você precisará de um cabo fino (de preferência blindado, eu utilizei o próprio cabinho da antena que acompanha o dongle), um ferro de solda de ponta fina e estanho.
“Se você não possuí conhecimento mínimo em eletrônica e não tem habilidades com ferro de soldar, certamente peça a um técnico capacitado, pois o procedimento feito de forma incorreta poderá causar danos irreparáveis ao seu equipamento, portanto faça por sua conta e risco”.
Abaixo disponibilizei o ponto do qual deve ser extraído o sinal, o vivo deve ser soldado em uma anilha existente no ponto citado e a malha deve ser soldada na blindagem do filtro disponível ao lado.
Com o processo de alteração do equipamento finalizado, recomendo também essas modificações documentadas na imagem abaixo.
  1. Utilizar um filtro de ferrite para evitar interferências
  2. Remover o terra do extensor USB, da conexão que irá acoplada ao dongle, com o intuito de diminuir ainda mais a interferência gerada pelo computador. Deixando somente o 4 terminais do USB em contato com o dongle.
ferrite
Pronto está finalizada a parte de transporte do sinal da FI para a entrada de antena do dongle, vamos agora a parte de comando CI-V.
Interligando o IC-706/MK/MKIIG ao computador através de uma interface CI-V
Para que possamos interligar as funcionalidades do rádio ao computador é necessário que utilizemos a saída CI-V (Command Interface), é um simples interface que proporciona a possibilidade de enviar comandos do computador para o rádio e vice-versa.

Neste tutorial a função desta interface seria manipular a frequência de recepção do rádio forçando a FI a se deslocar até a frequência sintonizada. Com a interface CI-V podemos alterar a frequência do IC-706/MK/MKIIG diretamente do software SDR, sem a necessidade de intervirmos no dial físico do rádio.
Não irei aprofundar no processo de construção desta interface, pois o projeto da mesma pode ser encontrado com facilidade na internet.
Inclusive a interface que vou utilizar, é uma interface comercial com suporte a USB, que pode ser facilmente adquirida no ebay ou aliexpress, e custa em torno de US$ 11,00. Em alguns casos é mais vantajoso comprar uma interface, do que efetuar a construção da mesma.
Interface CI-V USBInterface USB CI-V de baixo custo, pode ser adquirida no eBay ou AliExpress
A ligação da interface CI-V é simples localize no painel traseiro de seu rádio um conector P2 que está ao lado do conector RJ45 MIC, ligue a outra extremidade na porta USB do computador. Conforme esquema abaixo:
civ-esquema
“Verifique o manual de instruções de seu equipamento como configurar a interface CI-V, caso ela esteja desabilitada ou desconfigurada.”
Diagrama de funcionamento / Instalação e configuração dos softwares
Segue abaixo o diagrama de funcionamento, demonstrando a teoria de funcionamento do projeto.
diagrama pandapter
Segue abaixo os softwares, para a conclusão do panadapter e seus respectivos links para download. Certifique-se de deixar o RTL2832 instalado com os drivers Zadig utilizados no SDR#.
  1. HDSDR – Responsável por gerenciar o rtl-sdr e interface gráfica do SDR, para baixá-lo clique aqui, também é necessário baixar a DLL ExtIO, responsável por interfacear o rtl-sdr no software HDSDR, veja um pdf explicando todo o processo de download e configuração clicando aqui.
  2. OmniRig – Encarregado de prover comunicação com o IC-706 via interface CI-V, também será o nosso host para que o HDSDR envie comandos ao IC-706. Para baixá-lo clique aqui.
Segue abaixo um vídeo contendo os processos de configuração e os testes finais.


FT 450



ONDE ENCONTRAR O RECEPTOR SDR


PARA BAIXAR O SOFTWARE E DRIVE SDR

..::MANUAL DO DX::..

MANUAL DO DEXISTA INICIANTE SEGUNDA EDIÇÃO 
Janeiro de 2015 
Escrito por: BRYCE K. ANDERSON, K7UA 
Tradução e adaptação: João Roberto S. G. Ferreira, PY2JF 
Revisão: Barbara Gândara Ferreira, PY2BAH

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

..:: FALANDO DE BALUN ::..

BALUN

Por PY4ZBZ  em 25-02-2007  rev. 29-09-2008

Definições:
O BALUN é um dispositivo que permite interligar um circuito BALANCEADO a um circuito DESBALANCEADO ou vice-versa. Em inglês: "BALANCED" e "UNBALANCED", donde o nome BALUN.


 No texto seguinte, a palavra "terra" (entre aspas) se refere a um ponto comum de referencia de potencial, que pode ser a própria terra, ou qualquer outro condutor ou massa condutora usada como referencia de potencial, como  por exemplo, chassis de um equipamento ou blindagem de um cabo coaxial, mesmo que não ligados eletricamente à terra.

Circuito BALANCEADO:
Um circuito elétrico é balanceado quando os seus dois condutores (ida e retorno) ou terminais, tem potencial (tensão) simétricos (Vb eVb' na figura acima) em relação ao "terra", ou seja, cada terminal tem instantaneamente o mesmo potencial do outro, em relação ao "terra", e com sinal trocado. Por exemplo, se num determinado instante um terminal tem +10 V em relação ao "terra", o outro terá  -10 V. A tensão que interessa mesmo é a diferença entre Vb e Vb', chamada tensão diferencial Vd. A média entre Vb e Vb' deve ser zero e é chamada de tensão em modo comum. O nome balanceado é por analogia a balança de pratos, onde um deles está sempre em posição simétrica em relação ao outro, com referencia a horizontal. E ainda, num circuito balanceado, os dois condutores ou componentes do circuito são sempre idênticos, apresentando as mesmas característica elétricas, como capacitâncias em relação ao "terra", etc...Um exemplo de circuito balanceado é a antena dipolo de meia onda com alimentação no centro. Num circuito balanceado, nenhum dos dois terminais pode ser conectado ao "terra" (sem algum prejuízo ao seu correto funcionamento), pois ambos tem tensão em relação ao "terra". Um secundário de transformador com derivação central ligada ao "terra", é outro exemplo de circuito balanceado: os dois extremos do enrolamento tem sempre tensões iguais e com sinais opostos em relação ao "terra". Outro exemplo de circuito balanceado é a linha bifilar de transmissão, onde os dois condutores são idênticos e isolados da terra.

Circuito DESBALANCEADO:
O circuito desbalanceado se caracteriza por ter um dos terminais (ou condutores) ligado ao "terra", sendo que apenas um dos condutores tem tensão (Vu na figura acima) em relação ao "terra". Os dois condutores (ida e retorno) de um circuito elétrico desbalanceado são diferentes, sendo geralmente um deles (retorno) é a "massa", chassis, blindagem, ou plano terra do circuito. Um exemplo de circuito desbalanceado é o cabo coaxial, que é feito com dois condutores diferentes, o interno e a blindagem. A blindagem, mesmo que não ligada à terra, serve de referencia de potencial para o condutor interno. Somente o condutor interno tem potencial em relação ao "terra", a blindagem não (em condições normais). A maioria dos circuitos eletrônicos comuns, como amplificadores, osciladores, etc..., são circuitos desbalanceados (embora possam ser realizados de forma balanceada, ao custo de necessitarem o dobro de componentes).

Não vou explicar aqui as vantagens e desvantagens de circuitos balanceados e desbalanceados, pois são muitas e dependem da aplicação. Um exemplo típico de uso de balun é para ligar uma antena dipolo de meia onda comum (que é um circuito balanceado) a um cabo coaxial (que é um circuito desbalanceado). Quando se faz esta conexão sem uso de balun, haverá uma circulação de corrente extra na blindagem do cabo, devido ao potencial existente nos dois terminais do dipolo, o que causa  uma serie de efeitos (as vezes prejudiciais) como a irradiação pelo próprio cabo coaxial, o que deforma o diagrama de radiação da antena, entre outros.
Na pratica, existem muitas de formas de fabricar um BALUN, como por exemplo, o uso de transformadores banda larga com núcleo a ar ou de ferrite, circuitos sintonizados acoplados e tocos de cabos coaxiais (e outros ainda). Os dois últimos exemplos tem a desvantagem de funcionar em apenas uma banda  estreita de freqüências.


Exemplos de BALUN feitos com tocos de cabos coaxiais.

Um BALUN muito usado é o 1 para 4 (ou 4/1). Esta relação de 1/4 ou 4/1 se refere ao fato de que, além da função obvia de BALUN, ainda funciona como transformador de impedância, transformando a impedância do lado desbalanceado em outra 4 vezes maior do lado balanceado, ou ainda, transforma a impedância do lado balanceado em outra 4 vezes menor do lado desbalanceado. A figura seguinte mostra o circuito correspondente:


Se for feito com cabos com Zo (impedância característica) de 50 ohms, apresentará 50 ohms do lado desbalanceado e 200 ohms do lado balanceado. Se for feito com cabos de 75 ohms, transformará 75 em 300 e vice-versa. Observe que do lado balanceado não tem conexão nenhuma com terra ou as blindagens dos cabos. Veja uma foto desse tipo de balun aqui.

A figura seguinte mostra um circuito que é realmente apenas BALUN, pois não causa nenhuma transformação de impedância, donde o apelido 1/1:



Novamente, se os cabos usados tiverem impedância característica Zo de 50 ohms, o BALUN permitirá ligar um circuito balanceado de 50 ohms a um circuito desbalanceado de 50 ohms. Se forem de Zo = 75 ohms, os circuitos também deverão ser de 75 ohms.
Como foi mencionado anteriormente, a desvantagem desse tipo de realização pratica de balun, com tocos de cabo coaxial, é que funciona apenas numa faixa estreita de freqüências, da ordem de 5% da freqüência central de projeto, pois o comprimento dos tocos de cabo depende da freqüência.
Veja aqui um artigo sobre o funcionamento dos baluns mencionados anteriormente.

Calculo dos comprimentos dos cabos.

Os BALUNs acima requerem cabos com 1/4 e 3/4 de onda de comprimento elétrico para o BALUN 1/1 e de 1/2 onda de comprimento elétrico para o BALUN 1/4. 
 Como transformar comprimento elétrico de um cabo para comprimento físico ?
É simples: É sabido que o comprimento de uma onda eletromagnética no vácuo ou no ar é igual a velocidade da luz dividida pela freqüência da onda. Com a freqüência F em megahertz (MHz), teremos o comprimento da onda em metros usando a formula seguinte:
comprimento de onda no ar (em metros) = 300 / F (MHz)
Portanto:
3/4 de comprimento de onda no ar = 225 / F     (pois 3/4 de 300 = 225)
1/2 comprimento de onda no ar = 150 / F     (pois 1/2 de 300 = 150)
1/4 de comprimento de onda no ar = 75 / F     (pois 1/4 de 300 = 75)
Repetindo: comprimento em metros e freqüência em MHz.
Como a velocidade de propagação num cabo coaxial, com isolante diferente do ar, é menor que a velocidade da luz, temos que multiplicar o comprimento no ar pelo fator de velocidade do cabo para termos o comprimento da onda no cabo. Por exemplo, o fator de velocidade do cabo RG58 é de 0,67, ou ainda, é 67% da velocidade da luz. Cabos com isolante do tipo "celular", que é uma mistura de polietileno com ar, esse fator é de 0,81 ou 81% da velocidade da luz. O fator de velocidade é fornecido pelo fabricante do cabo, e é devido UNICAMENTE ao isolante existente entre condutor interno e a blindagem.
Então temos:
Comprimento físico do cabo = 
comprimento elétrico x comprimento da onda no ar x fator de velocidade do cabo.
Exemplos:
Vamos calcular o comprimento físico dos cabos usados nos BALUNs acima, para a freqüência de 146 MHz e cabo RG58, com fator de velocidade de 67%:
Cabo de 1/4 de onda:  0,67 x 75 / 146 = 0.344 m ou 34,4 cm
Cabo de 1/2 onda:  0,67 x 150 / 146 = 0,688 m ou 68,8 cm
Cabo de 3/4 de onda:  0,67 x 225 / 146 = 1,03 m ou 103 cm
A titulo de comparação: o comprimento da onda de 146 MHz é de 300/146=2,05 metros no ar.

BALUN tipo bazooka ou sleeve.
Este BALUN é mais pratico de ser construído para VHF e UHF, Consiste em colocar o cabo coaxial, do lado do dipolo, dentro de um tubo de metal, com 1/4 de comprimento de onda, cuja extremidade oposta ao dipolo é ligada à blindagem do cabo coaxial, como mostra a figura seguinte:



Deve existir um espaço de ar entre o cabo e a parede interna do tubo. O diâmetro interno do tubo deve ser pelo menos o dobro do diâmetro externo  do cabo coaxial. O tubo deverá ter 1/4 de comprimento de onda no ar. O cabo deve ficar bem centrado dentro do tubo e sem nenhum contato elétrico com o tubo, exceto do lado onde é ligado a blindagem do cabo. Obviamente, esse BALUN também é de banda estreita e não causa transformação de impedância. O tubo forma, junto com a blindagem do cabo coaxial, um cabo coaxial de 1/4 de onda. Como um lado está em curto, o outro tem impedância infinita, bloqueando assim a corrente de modo comum.



Exemplos de BALUN banda larga feitos com transformadores.

A figura seguinte é um exemplo de BALUN 1/1 , banda larga, com núcleo de ar, para ondas curtas. Os 3 enrolamentos devem ter o mesmo numero de espiras, para que não haja transformação de impedancia:

Para as bandas de 20 até 10 metros, cada enrolamento tem 10 espiras, como mostrado na figura acima, com três cores diferentes, formando um enrolamento trifilar. A forma da bobina é um tubo de PVC de 25 a 40 mm de diâmetro. Para operar a partir de 80 metros, cada enrolamento terá 15 espiras. O diâmetro do fio isolado não é crítico, desde que suporte a corrente proporcionada pela potencia do sinal TX.

A figura seguinte é um exemplo de BALUN 4/1 , banda larga, para ondas curtas, com núcleo toroidal de ferrite:
Esse balun pode ser montado também na forma trifilar para ser 1/1, usando o mesmo esquema do balun 1/1 anterior, mas com o numero de espiras da tabela acima, para cada enrolamento, de acordo com a potencia máxima suportada pelo núcleo.


BALUN banda larga tipo choque.
O BALUN seguinte é feito com o próprio cabo coaxial que alimenta a antena, e deve estar situado próximo a antena. A indutância criada pelo enrolamento feito com o cabo impede (ou reduz) a corrente de modo comum que circularia na blindagem do cabo na ausência do BALUN :
O BALUN é uma bobina feita com o próprio cabo, com diâmetro da ordem de 10 cm para cabos finos com RG58 e da ordem de 15 cm para cabos grossos com o RG213. Para operar de 3,5 a 30 MHz, bastam 10 espiras. Acima de 14 MHz, bastam 8 espiras. Pode ser usado também em VHF, fazendo uma bobina helicoidal de 5 espiras sobre um cilindro isolante com o menor diâmetro possível para não forçar muito o cabo.

O que é corrente de modo comum ?
Vamos analisar o caso especifico de um dipolo alimentado por um cabo coaxial. 
Num cabo coaxial corretamente terminado por uma carga desbalanceada, a corrente do condutor interno (ida) é igual a corrente na blindagem (retorno) mas com sentido (ou polaridade) trocado. A soma algébrica destas duas correntes é zero. A média destas duas correntes é chamada de corrente de modo comum, e num cabo coaxial devidamente terminado, deve ser zero. Como as duas correntes são iguais e opostas e concêntricas, o cabo não gera nenhum campo magnético na parte externa à blindagem, portanto não irradia.
Mas quando o cabo coaxial é ligado a um dipolo. esta soma não é mais zero, devido a uma corrente extra na blindagem do cabo. Como o dipolo é um circuito balanceado e simétrico, ele tende a desenvolver tensões simétricas em relação a terra no seus dois terminais, devido as capacitâncias dos dois lados do dipolo em relação à terra (entre outros fatores) e que formam um divisor capacitivo. Como o cabo coaxial está aterrado no lado inferior (lado do transmissor), a tensão existente em relação à terra, na metade do dipolo ligada à blindagem, fará circular uma corrente extra nesta blindagem (além da corrente já existente). Esta nova corrente será limitada pela impedância apresentada pela blindagem do cabo todo. Agora a média entre a corrente do condutor interno e a corrente na blindagem não é mais zero, portanto temos uma corrente de modo comum. E portanto o cabo gera campo magnético na parte externa a blindagem, ou seja, passa a irradiar, o que não é desejável.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

..:: TABELA DE DIPOLOS ::..



TABELA DE COMPRIMENTO DE DIPOLOS
ASSUMIR 5% DE CORREÇÃO DEVIDO AO DIÂMETRO DO FIO E EFEITOS DE TERMINAÇÃO.
A LONGITUDE AQUI É TOTAL E AS MEDIDAS CONTAM O TAMANHO DO ISOLADOR CENTRAL.
     
   
160 METROS  
FREQÜÊNCIA
1/2 ONDA
1800
81,43
1815
80.28
1830
79,17
1845
78,08
1860
77,03
1875
76,00
      
80 METROS  
FREQÜÊNCIA
1/2 ONDA
3500
40,71
3525
40,43
3550
40,14
3575
39,86
3600
39,58
3625
39,31
3650
39,04
3675
38,78
3700
38,51
3725
38,26
3750
38,00
3775
37,75
3800
37,50
     
40 METROS  
FREQÜÊNCIA
1/2 ONDA
7000
20,36
7025
20,28
7050
20,21
7075
20,14
7100
20,07
7125
20,00
7150
19,93
7175
19,86
7200
19,79
7225
19,72
7250
19,66
7275
19,59
7300
19,52
    
30 METROS  
FREQÜÊNCIA
1/2 ONDA
10100
14,11
10125
14,07
10150
14,04
10175
14,00
10200
13,97
     
20 METROS  
FREQÜÊNCIA
1/2 ONDA
14000
10,22
14050
10,14
14100
10,11
14150
10,07
14200
10,04
14250
10,00
14300
9,97
    
17 METROS  
FREQÜÊNCIA
1/2 ONDA
18068
7,89
18118
7,87
18168
7,84
    
15 METROS  
FREQÜÊNCIA
1/2 ONDA
21000
6,79
21050
6,77
21100
6,75
21150
6,74
21200
6,72
21250
6,71
21300
6,69
      
12 METROS   
FREQÜÊNCIA
1/2 ONDA
24890
5,73
24940
5,71
24990
5,70
   
  10 METROS  
FREQÜÊNCIA
1/2 ONDA
28000
5,09
28200
5,05
28400
5,02
28600
4,98
28800
4,95
29000
4,91